Shoppings adotam tecnologia para evitar apagões e prejuízos milionários

Falhas no sistema elétrico causam interrupções no ar-condicionado e nos sistemas de pagamento, provocam a perda de alimentos perecíveis e podem comprometer os sistemas de segurança, impactando lojistas e consumidores
Em um shopping center, uma queda de energia não significa apenas luzes apagadas: ela pode obrigar lojas a fechar, colocar alimentos de restaurantes em risco, paralisar sistemas de ar-condicionado e até comprometer a segurança.
Durante o apagão de outubro de 2024, por exemplo, a FecomercioSP estimou que o setor de varejo paulistano perdeu pelo menos R$ 536 milhões em vendas, enquanto o setor de serviços sofreu perdas de R$ 1,1 bilhão. Esses números refletem a interrupção das operações comerciais em diversos estabelecimentos, incluindo shopping centers.
Este ano, um apagão no Shopping Midway em Natal, Rio Grande do Norte, fechou escadas rolantes, elevadores, restaurantes e lojas. A queda de energia foi causada por uma falha na subestação, e a energia só foi restabelecida após mais de uma hora de interrupção.
Menos de uma semana depois, o Park Shopping, em Brasília (DF), ficou sem energia por mais de três horas devido a uma falha no circuito da região. A queda de energia fez com que os sistemas de pagamento, iluminação e refrigeração parassem de funcionar, causando transtornos tanto para os lojistas quanto para os clientes.
Na ocasião, vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram corredores escuros e clientes usando lanternas de celulares para se orientar. Alguns reclamaram da dificuldade para sair dos cinemas e estacionamentos.
Situações semelhantes a esses casos vêm se repetindo ao longo dos anos. Durante a Black Friday de 2024, o Shopping Bahia, em Salvador, Bahia, ficou sem energia elétrica durante o horário de pico, afetando consumidores e comerciantes em um dos dias mais movimentados do ano. A interrupção foi causada por interferência durante obras que afetaram a rede subterrânea da Neoenergia Coelba.
Para prevenir situações como essa, tecnologias de ponta já estão sendo utilizadas em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, a Engerey Painéis Elétricos, em parceria com a francesa Schneider Electric, disponibiliza os painéis PrismaSeT: uma linha de quadros de baixa tensão conectados. Eles são responsáveis pela distribuição de energia e proteção do sistema, mas por serem inteligentes garantem continuidade na operação, evitando que ocorram falhas que gerem os apagões. O CEO da empresa explica como:
"Os componentes desses painéis são equipados com sensoriamento remoto, permitindo monitoramento em tempo real de sua integridade elétrica. Essa conectividade possibilita a emissão de alertas antecipados sobre potenciais falhas, viabilizando manutenções preditivas e evitando interrupções inesperadas nos serviços, principalmente em horários de pico no movimento", diz Fabio Amaral.
Segundo o especialista, parâmetros como temperatura, consumo e sinais de degradação são os comumente avaliados. “Não se trata apenas de detectar falhas, mas de prever quando algo está prestes a ocorrer. Essa capacidade de antecipação não só garante a continuidade das operações, como também aumenta significativamente a segurança, evitando que pequenas falhas evoluam para acidentes mais graves”, destaca.
Para Fábio, essa tecnologia traz um impacto duplo, tanto financeiro quanto reputacional. “Quando um shopping mantém sua operação estável, que nunca fica no escuro, onde o ar-condicionado nunca falha e a segurança elétrica está monitorada em tempo real, sem interrupções ou surpresas, ele transmite confiança. O consumidor percebe que aquele ambiente é seguro, confortável e preparado para recebê-lo sem imprevistos. Isso fortalece a marca e fideliza o público.”
Na prática, os gestores podem acompanhar tudo por meio de aplicativos, recebendo notificações instantâneas sempre que houver uma variação. “É o que chamamos de inteligência elétrica. Um shopping conectado não é apenas moderno, é mais competitivo e mais seguro”, resume Amaral.