Nos portos que não dormem, a energia precisa ser mais do que constante — precisa ser inteligente

Com recordes de 1,32 bilhão de toneladas de cargas, setor portuário brasileiro adota painéis que monitoram rede em tempo real e permitem manutenção sem parar operação
Entre guindastes imensos que puxam contêineres, empilhadeiras que cortam filas de caminhões e navios que chegam com exatidão milimétrica, está um dos maiores desafios logísticos do Brasil: manter a continuidade, minuto a minuto, das operações em um porto.
A alta demanda por exportações de grãos, minérios e produtos industrializados fez das estruturas portuárias um ponto crítico da economia, onde qualquer falha elétrica pode custar milhões.
Com o setor portuário atingindo recordes — 1,32 bilhão de toneladas de cargas em 2024, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) — e com as cargas conteinerizadas crescendo cerca de 20%, os números mostram que os portos estão cada vez mais sob pressão.
Mais volume, mais contêineres, mais turnos e, consequentemente, mais necessidade de confiabilidade. Nesse ambiente, a infraestrutura elétrica, que antes podia ser considerada um “dado adquirido” — isto é, assumia-se que os sistemas iriam funcionar normalmente —, passa a exigir atenção redobrada em engenharia, seleção de sistemas, automação e monitoramento remoto.
“Quando falamos de porto, estamos falando de carga, de risco, de prazo e de pessoas trabalhando com máquinas pesadas”, ressalta o engenheiro eletricista Fábio Amaral, CEO da Engerey Painéis Elétricos.

Fábio Amaral, CEO da Engerey Painéis Elétricos
O engenheiro destaca que “se um painel elétrico falhar, como por exemplo, um disjuntor desarmar indevidamente ou um cabo sobreaquecer, gera-se risco de interrupção ou até de incêndio. No cenário da logística portuária, essa falha reverbera muito além da sala de manutenção — pode significar navio aguardando, filas de caminhões paradas, atraso no embarque ou desembarque e, claro, custos altos”.
Junto a toda essa infraestrutura portuária há uma rede complexa de energia. Painéis, transformadores, disjuntores e sistemas de proteção garantem o funcionamento das máquinas e a segurança dos trabalhadores. “Mas, até pouco tempo atrás, esses equipamentos operavam ‘no escuro’, isto é, só se sabia de um problema depois que ele acontecia”, diz Amaral.
A tecnologia tem acompanhado todo esse avanço no setor, e sistemas inteligentes trabalham para que cada etapa da operação portuária funcione com segurança e continuidade.
“Um exemplo são os painéis de média tensão SM6 Connected, que garantem a continuidade das operações por meio do monitoramento inteligente de seus componentes internos. Com isso, o engenheiro pode verificar o status do equipamento de forma remota e programar manutenções preventivas antes que uma falha ocorra — tudo sem interromper as atividades. É um avanço significativo em relação aos painéis convencionais, que exigem a parada total do sistema para reparos”, destaca Amaral.
Segundo o especialista, o mesmo conceito é aplicado aos painéis elétricos de baixa tensão, como os PrismaSet da Schneider Electric, fornecidos no Brasil pela Engerey que também têm a conectividade como seu principal diferencial.
Além disso, painéis elétricos inteligentes possuem mecanismos que não protegem apenas a infraestrutura, mas também os operadores que atuam dentro do ambiente portuário, um dos mais arriscados do setor logístico.
“Quando o sistema detecta um risco e atua de forma automática, reduz-se drasticamente a exposição de técnicos e eletricistas a situações de perigo. É segurança física e operacional ao mesmo tempo”, observa.
A tendência é que os painéis elétricos passem a conversar com sistemas de gestão em nuvem, gerando dados em tempo real sobre consumo, eficiência e riscos — o que deve transformar o conceito de manutenção e gestão portuária.
“Estamos entrando em uma era em que a infraestrutura elétrica será tão conectada quanto o próprio terminal de cargas”, diz Amaral. “Isso muda tudo: o porto passa a operar de forma preditiva, e não mais reativa”, conclui.



